domingo, 3 de junho de 2012

Clubes históricos resolvem retomar atividades no futebol maranhense



No futebol, como em qualquer atividade, chegar aos 100 anos não é fácil. Por isso, muitos clubes comemoram bastante esta marca histórica. Outros tantos pelo Brasil e pelo mundo pararam pelo meio do caminho. Mas, no Maranhão, três times que paralisaram suas atividades por motivos distintos resolveram voltar com o quadro profissional: Vitória do Mar, Expressinho e JV Lideral.

Mas para voltar a manter um time no Campeonato Maranhense, com muito mais despesas atualmente, os dirigentes vão precisar de recursos financeiros o mais rápido possível. O foco neste reinício é justamente o trabalho com as categorias de base, não apenas para montar um time mais barato, mas também pensando em negócios futuros.

Sonho - O maior interessado em fazer com que o Vitória do Mar volte a disputar uma competição de destaque é José de Ribamar Bezerra, 48 anos, mais conhecido como Paraíba. Já foi jogador e também taxista. Hoje se dedica aos treinos das categorias de base do Vitória do Mar e sobrevive com uma pensão no valor de um salário mínino, que vem por benefício para o filho com necessidades especiais.

Os sonhos são muitos: ganhar destaque como treinador, tornar o Vitória do Mar um time importante no estado e, principalmente, transformar o time em fonte reveladora de atletas, mas por enquanto tudo isto é sonho.

As maiores dificuldades, como de costume, são as financeiras. Paralisado há 12 anos, o Vitória do Mar acumulou dívidas com a Federação Maranhense de Futebol (FMF) e com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

- Só com a federação são mais de R$ 11mil. Com a CBF são R$ 22.700. É muito para quem não tem nada ainda. Mas já conversei com o presidente da FMF, Antônio Américo, e teremos outra reunião na segunda-feira. Nosso objetivo é que a entidade entenda nosso interesse em voltar e anistie a dívida – disse o treinador.

O time é do bairro do Desterro e foi fundado por estivadores, por isso o nome original. Com novo comando, retomou a atividade há três meses com as categorias de base sub-13, 15 e 17. Para colocar um time na Série B, neste segundo semestre, vai precisar de atletas mais experientes. Para atender a esta necessidade, o interesse do treinador é oferecer oportunidades a jogadores dos bairros de São Luís que não têm chances nos grandes clubes do estado.

- Quero montar um time profissional com jogadores de até 21 anos. Pretendo receber atletas dos bairros da capital que tem potencial, mas nem sempre conseguem chances no Moto, Maranhão e Sampaio. Então seria bom para eles jogarem no Vitória do Mar, pois ganhariam visibilidade e nós teríamos um elenco.

Torcedor do Moto, Paraíba disse que teve o interesse em reativar o time depois que se mudou para o Desterro e resolveu criar uma escolinha. Sem nome, muitos garotos sugeriram Milan e Barcelona, mas em um sonho, disse que sua mãe, já falecida, o indiciou Vitória do Mar, justamente o time que ela disse que tinha simpatia em uma conversa com ele quando ainda jogava pelo São José.

O Vitória do Mar foi fundado em 1949, mas só em 1952 disputou o Campeonato Maranhense quando foi campeão de forma surpreendente. O detalhe nesta conquista invicta foi o tamanho reduzido da competição, além do Vitória do Mar, jogaram também Sampaio (vice-campeão), Maranhão, Moto e o extinto Gonçalves Dias. Desde então nenhuma conquista mais foi alcançada. O time paralisou suas atividades em 1990.

Furacão da Cohab - O Expressinho nunca foi campeão maranhense e enquanto esteve em atividade passou bem longe disso. Dividindo espaço com os grandes clubes do estado com sede na capital, era a alternativa para os jogadores que queriam oportunidades, mas não tinham no Moto, Sampaio e Maranhão.

O time era chamado de Furacão da Cohab, mas costumava perder por uma diferença larga de gols, principalmente quando os adversários eram os três grandes. A equipe voltou às atividades desde 2011, com as escolinhas e em outra cidade, Santa Rita, distante cerca de 70 km de São Luís. No entanto os jogos pela Série B do Campeonato Maranhense serão em Rosário, cidade vizinha.

- Fechamos uma parceria com a cidade de Rosário, pois aqui em Santa Rita não temos estádio. Vamos mandar nossos jogos no Estádio Serejão. O público da região está animado – disse o presidente e treinador, Estelmar da Silva Bastos, mais conhecido como Carioca.

O clube está com as atividades profissionais suspensas há nove anos e o retorno por meio da Série B está confirmado pelos dirigentes. A diretoria garante que as dívidas com FMF e CBF já foram pagas. A equipe será montada basicamente com jogadores do sub-18, mas vai ganhar reforços importantes, pelo menos esta é a promessa.

- Estamos em contato com empresários para parcerias com o objetivo de colocar a equipe na Série A do campeonato. Quatro atletas de fora do país devem chegar nos próximos dias a cidade. Atletas da Inglaterra e Bélgica vão reforçar o time – disse Carioca.

A mudança de endereço está relacionada com a saída do presidente do clube de Sâo Luís para Santa Rita. Em seu novo endereço, Carioca voltou a trabalhar com o nome do Expressinho com as categorias de base. Depois mudou o estatuto e confirmou a equipe com sede em nova cidade. O principal objetivo é revelar atletas e negociar. Desde que retomou as atividades, o Expressinho revelou o meia-atacante Marcos, 18 anos, que está no futebol português.

O investimento feito neste início, a começar pela base, pode ajudar a mudar a imagem que o time verde e branco criou. Em 1996, o Expressinho foi considerado o pior do Brasil.

Naquele ano, fez dezoito partidas no Campeonato Maranhense e não conseguiu nenhum ponto. Perdeu todos os jogos. Para piorar a campanha, sofreu 67 gols e marcou apenas três vezes, o que gerou um saldo negativo de 64 gols e uma média de mais de 3,70 gols sofridos por partida.
O Furacão foi fundado em 1975, no bairro da Cohab. Jogou a primeira partida profissional no dia 14 de dezembro de 1979. No amistoso contra o Moto Club ficou no empate de 1 a 1.

Trator do Camaçari - Por fim, o mais novo dos três e o que menos tem problemas financeiros é o JV Lideral. Administrado por um empresário do ramo de terraplanagem, a equipe da cidade de Imperatriz é modelo no estado quando o assunto é o trabalho com as divisões de base, seu maior investimento.

O Trator volta a jogar o futebol profissional com uma equipe sub-18, que também vai jogar a Copa São Paulo da categoria, em 2013. O último teste que os garotos tiveram foi em Marabá-PA, quando o time venceu, por 1 a 0, o time do Águia que vai jogar a Série C do Campeonato Brasileiro.

- Nosso time é formado basicamente por jovens. Estamos trabalhando para lançar a nova safra. Contra o Águia, tivemos o reforço de outros mais experientes (revelados pelo clube) como Daniel Barros, Ismael, Jackson, Fagundes e Bruno Limão – disse o presidente do clube, Walter Lira.

O nome do CT do clube leva o nome do presidente Walter Lira. O nome do clube é baseado no nome do filho, que também joga nas divisões de base. JV são as iniciais de João Vitor. O complemento, Lideral, é o nome da empresa que ajuda a sustentar os investimentos no futebol. O escudo é inspirado na potência mundial, Barcelona.

O apelido é Trator do Camaçari. Tator em alusão a uma máquina usada na empresa do presidente do clube e Camaçari é o bairro onde o CT fica localizado.

O foco sempre foi revelar jogadores, mas ousado, Walter Lira, revelou que provocou um dirigente adversário quando comentou sobre seu retorno. - Falei com o Sérgio Frota (presidente do Sampaio) um dia desses, pois ele me emprestou dois jogadores. Aproveitei e disse a ele que vou quebrar essa sequência. Com o JV de volta não vai mais ser fácil para o Sampaio – disse em tom de brincadeira.

O único título maranhense do JV Lideral foi contra o Sampaio, em 2009. Depois disso, o Sampaio conquistou dois estaduais e está bem perto de levar o terceiro, este ano. Após a conquista do JV, o clube revelou muitos jogadores em especial o meia-atacante Romarinho, negociado com o Gais, da Suécia, por R$ 500 mil.

Com uma boa estrutura física como poucos no estado, em 2008 o time disputou a Série B do Campeonato Maranhense e subiu como vice-campeã. Em 2009 foi campeã sobre o favorito Sampaio Corrêa.

Em 2010 o clube saiu do Estadual depois que o presidente e fundador, Walter Lira, revoltou-se contra a então administração da FMF. Na oportunidade, o time de Lira foi desclassificado da Série D do Campeonato Brasileiro e somado ao relacionamento estremecido com a federação, houve o pedido de licença de competições profissionais.

Competição - Por enquanto não há nenhuma informação oficial da Federação Maranhense de Futebol (FMF) quanto à tabela da Série B do Campeonato Maranhense. O calendário marca o início para o dia 1º de agosto e o fim em 29 de novembro. Os dois rebaixados em 2011 não voltam este ano. Iape e Nacional desativaram suas equipes profissionais após a eliminação no campeonato.


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