quinta-feira, 5 de julho de 2012

Telhado de casarão desaba no Centro Histórico de São Luís


O telhado de um casarão localizado no cruzamento entre a Rua da Estrela e a Travessa Boa Ventura, próximo à Câmara Municipal de São Luís, na Praia Grande, desabou na madrugada de ontem. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o proprietário do imóvel teve responsabilidade no desabamento do telhado quando não respondeu às várias notificações sobre o risco.

Por volta de 4h, os vizinhos do imóvel foram surpreendidos pelo estrondo causado pelo desmoronamento. Todo o telhado do casarão de três andares caiu, causando espanto nas pessoas que rodeavam o local. Partes da estrutura que desmoronou não caíram para o exterior do imóvel e, por isso, não houve vítimas ou danos aos carros que são estacionados em volta do casarão.

Segundo vizinhos do imóvel, essa é terceira vez que acontece um desabamento no casarão. Por duas vezes, o telhado cedeu e uma das paredes caiu sobre uma residência vizinha. O morador da casa atingida pelo desmoronamento, Carlos Augusto Monteiro, explicou que fez vários avisos ao proprietário do imóvel, mas o mesmo não deu atenção aos alertas.

Carlos Augusto Monteiro mora há 39 anos ao lado do casarão em que o teto caiu e pretende se mudar depois de mais esse acidente. "A gente vive nessa casa com medo de morrer em um próximo desabamento. Já avisamos o dono do casarão várias vezes, mas ele não deu ouvidos e somos nós que sofremos com isso", afirmou.

A superintendente do Iphan no Maranhão, Kátia Bogéa, lembrou que o instituto notificou o proprietário do imóvel em várias ocasiões e nenhuma notificação foi respondida. Em 2001, o próprio Iphan estabilizou a estrutura do imóvel depois de conseguir uma liminar judicial liberando a intervenção. Em 2008, o dono do casarão fez novas alterações no local e, desde então, o imóvel permanece lacrado.

Bogéa explicou que o Iphan havia suspeitado da presença de cupins no telhado do casarão durante uma tentativa de vistoria, mas o dono do imóvel não respondeu aos pedidos do instituto para abrir os portões da propriedade. Como a nova inspeção e intervenções não puderam ser feitas anteriormente, o telhado não resistiu à ação dos insetos.

Vistoria - Muitos casarões do conjunto arquitetônico de responsabilidade do Iphan apresentam as mesmas condições que o imóvel localizado entre a Rua da Estrela e a Travessa da Boa Ventura. Os prédios abandonados pelos proprietários estão com telhados danificados, infiltrações nas paredes e pisos e outros problemas.

Segundo Kátia Bogéa, o grande número de casarões abandonados com risco de desabamento deve-se, principalmente, ao descaso dos proprietários. "É preocupante o número de casarões que se encontram nessas situações, porque os próprios donos dos imóveis são responsáveis por esse quadro. Além de não fazerem as intervenções necessárias, eles lacram os casarões, impedindo que o trabalho do Iphan seja feito", afirmou.

Outro agravante para o quadro é o fato de o Iphan ter apenas cinco fiscais para vistoriar 6.200 imóveis de São Luís e Alcântara com tombamentos federal e estadual. Por causa do número reduzido de profissionais, a frequência de vistorias acaba ultrapassando o prazo ideal. "Para mudar essa situação, seria ideal que o proprietário encontrasse destinação comercial ou residencial ao imóvel, pois, quando o casarão fica lacrado, nenhuma reforma é feita e o Iphan é impedido de fazer o trabalho para evitar desabamentos", disse.

Por Folha do Maranhão

Nenhum comentário:

Postar um comentário